jovens dos anos 70
No início dos anos 1970 não existia internet, DVD, nem celular. Mas os jovens eram todos modernos e avançados para a época. A vida tinha um ritmo muito diferente de hoje e eles, apesar da ousadia e até das loucuras hippies, tinham uma rotina muito estranha aos dias de hoje. Nas cidades do interior esse ritmo era muito mais lento e os dias, as semanas, os meses e os anos demoravam muito para passar. Nas ruas, os carros e caminhões eram raros. As bicicletas circulavam aqui e ali sem causar transtornos no trânsito. O comércio não era agitado e nem dava sinais de desespero com infinitas liquidações. Não havia multidões. As lojas e os bancos eram monótonos e repletos de funcionários. Os correios eram muito freqüentados e as caixas postais estavam sempre cheias de envelopes contendo alguma novidade. As cartas demoravam muito para ir e voltar. Havia também um silêncio típico das localidades distantes dos grandes centros urbanos e a ausência da infinidade de barulhos que existem hoje. Em Epitácio os dias eram longos para quem trabalhava e interminável para quem não fazia nada. Mesmo depois de ir ao colégio e fazer suas obrigações diárias, como ir ao curso de datilografia ou corte-costura, o jovem tinha muito tempo de sobra para pensar no que iria fazer nas horas vagas. O período livre, geralmente à tarde, era talvez o mais duradouro. Logo após o almoço estabelecia-se um clima de “siesta”, um sol de rachar mamona e ninguém nas ruas. As varandas e as árvores acolhiam toda essa preguiça, sem culpa, em cadeiras de fio de nylon ou em velhas redes, até que alguém tivesse uma idéia do que fazer tarde a dentro. Os canais de TV não eram muitos e a programação também não tinha muitas opções. O rádio era muito chato, não havia FMs, e já era considerado coisa do passado. Era ainda uma época em que a leitura de livros, almanaques, enciclopédias e revistas era a melhor forma de obter informações. Os telefones não tocavam como hoje e muito menos com tanta freqüência. Para fazer um contato era necessário pedir uma ligação para a funcionária que ficava de plantão no posto telefônico. Ela dizia: “Telefonista”! E a gente pedia: “288, por favor” ou então “349”, numa época em que os aparelhos de plástico colorido já estavam se popularizando. Se ninguém ligasse ou não aparecesse para bater papo a solução era colocar uma bermuda Lee com a barra desfiada, uma camiseta básica, calçar um keds e procurar alguém ou a turma. Se juntassem duas ou três pessoas, logo os outros iam chegando e formavam-se as “patotas”, como essas das fotografias. Uns estavam na avenida Presidente Vargas, provavelmente em frente ao Haiti, bar e restaurante que marcou época no final dos anos 60 e início dos 70. Seria um sábado , um domingo ou uma daquelas quartas-feiras inconseqüentes, sem nada pra fazer? Outros estavam no Figueiral, num Baile da Filarmônica ou na Epitaciana, ou então em alguma divertida excursão para uma cidade próxima. São rostos conhecidos e facilmente reconhecidos. Bom seria se pudéssemos contar a trajetória de cada um deles: quem eram, os que estavam planejando ser, que sonhos tinham em mente, o que aconteceu com cada um deles e por onde andam.
Amigos na praia formada em frete ao antigo Parque Figueiral
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